Debate sobre eleição na web

PUBLICADO NO TERRA em 12/08/2010 às 17H28

Assessores para web dizem que não dá para repetir fenômeno Obama

Por Bruna Carolina Carvalho

Os três assessores para a campanha na web dos candidatos à presidência concordaram em um ponto durante o painel sobre o uso da internet nas eleições, realizado nesta quinta-feira (12), no World Trade Center, em São Paulo. Não é possível repetir, no Brasil, o que foi o fenômeno Obama no último pleito americano. “É impossível e inexequível repetir o fenômeno Obama no Brasil. Nós tivemos muito menos tempo, a campanha de fato começou dia 5 de julho e a arrecadação só pôde ser feita depois, sexta passada”, enfatizou Caio Túlio Costa, coordenador de campanha da Marina Silva (PV) para a internet, lembrando que Obama contou com mais de dez meses para fazer sua promoção online.

Marcelo Branco, assessor da petista Dilma Rousseff, disse que a estrutura no País não pode se comparar a da americana, porém valorizou a criatividade colaborativa do internauta brasileiro. “Repetir o fenômeno Obama é difícil, porque é diferente a estrutura política do Brasil e a americana. Nossa estrutura (de internet) é inferior. Mas sob o ponto de vista dos brasileiros, nós temos uma forma de relacionamento e uma postura muito mais colaborativa que os americanos”.

O coordenador de web de José Serra (PSDB), Sérgio Caruso, fez coro aos outros dois, ressaltando que talvez não seja o fenômeno Obama o que queremos no País. “Nós não somos o mercado americano, não somos os EUA e nem sei se queremos. A pergunta que deve ser feita é se queremos um (fenômeno) Obama aqui. Se quiséssemos, teríamos contratado os homens que fizeram a campanha dele”, disse Caruso, enquanto era fotografado por Branco.

Durante a conversa, precedida por uma montagem em vídeo em que os três candidatos dançavam o break e o rebolation, os três coordenadores explicaram qual o papel da internet em suas respectivas campanhas. “Não tem campanha mais feliz na web do que a de Marina. Ela não usa a internet para fazer ataques a nenhum outro candidato, é uma campanha muito propositiva”, afirmou Costa, aproveitando para pedir doações para a campanha da candidata, o que arrancou alguns risos da plateia formada, em sua maioria, por representantes de empresas ligadas à internet.

Branco valorizou o militante tradicional do PT que migrou para a internet a fim de colaborar com a campanha. “A nossa estratégia, ela não serviria para nenhuma das outras candidaturas, porque se baseou no que já temos construído na base de apoio da candidatura da Dilma, a forte militância histórica do PT, PCdoB e PMDB. Nós construímos junto com a militância voluntária a nossa estratégia”.

Já Caruso, falou sobre o uso do Twitter por Serra, anterior à época da campanha eleitoral. “Ele começou a tuitar há mais de ano. Ele tem mais de 350 mil seguidores. O Serra começou na frente nesse negócio de Twitter. Nossa estratégia foi baseada em fundamentos que ele mesmo criou”, disse, acrescentando que enquanto todos dormem, Serra tuita, em referência aos hábitos noturnos do candidato tucano.

Ao final da palestra, mediada pelo diretor de inteligência para o mercado na América Latina do Terra , Marcelo Coutinho , e com o tempo já estourado, Costa insistiu em repetir que Marina não fazia comentários negativos em relação aos adversários pela internet. Caruso, que estava a duas cadeiras do assessor verde, perguntou a ele: “você acredita que se a Marina tivesse 35% dos votos, ou se estivesse disputando mano a mano com alguém com uma chance real de ganhar no primeiro turno, ou que tivesse no segundo turno, a campanha dela ia manter essa assepsia?”.

Costa tomou a palavra e respondeu prontamente: “eu não tenho dúvida nenhuma que a Marina vai estar no segundo turno e vai enfrentar o que o Serra enfrenta hoje e o que a Dilma enfrenta hoje. Só que ela vai enfrentar diferente. Ela vai enfrentar de forma propositiva”, disse, prometendo uma surpresa online – assim como foi o twittaço – na campanha da candidata.

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