Gay Talese no Roda Viva

Publicado no Redenoticia em 16/07/2009

Governo Bush não foi um bom período para o jornalismo

Gay Talese; com Paulo Markun, ao fundo

Gay Talese; com Paulo Markun, ao fundo

Entrevista inédita com o jornalista americano será exibida nesta segunda-feira (20/7), a partir das 22h10, na TV Cultura [Caio Túlio Costa está na bancada de entrevistadores]

O jornalista americano Gay Talese disse, durante entrevista (inédita e gravada) ao Roda Viva, que irá ao ar na segunda-feira (20/7), a partir das 22h10, que o jornalismo nos Estados Unidos não foi bom durante o período do governo Bush. “Não foi um bom casamento”, relata. Talese explica que, depois do ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001, o jornalismo se enfraqueceu e a tendência de se abraçar a causa anti-terrorista de George W. Bush ficou visível. “Quando vimos o avião cruzando o World Trade Center não podíamos dizer que aquilo não era verdade”, diz.

Talese, de 77 anos, 11 livros publicados, um deles sobre os bastidores do New York Times, ainda fala sobre a melhor entrevista que fez, o que considera ser realmente jornalismo, a influência das famílias no controle dos meios de comunicação e de seu próximo livro, que vai enfocar os 50 anos de seu casamento com a editora Nan Talese.

Aos jornalistas, Gay Talese aconselha: “Trabalhe duro, vá às ruas, fale com as pessoas”. O jornalista ressalta que não há história linear. “O jornalismo não é feito de perguntas e respostas. Circule, veja as pessoas, você vai encontrar outras histórias”.

Para o autor de O Reino e o Poder, o jornalista precisa ter “um forte senso de verdade”. Mas Gay Talese faz uma ressalva: “É difícil definir a verdade”. Por isso, conduz o argumento, o jornalismo imparcial torna-se impraticável. “Políticos mentem, as pessoas mentem. É difícil fazer jornalismo bem”.

Propagandas, lobbies, empresários precisam ficar de fora. “O jornalismo é um grupo separado que informa e seleciona os eventos que existem no mundo”.

No Roda, Gay Talese também fala sobre o controle familiar nos grandes grupos de comunicação. Para ele, o modelo está em retrocesso principalmente por um motivo: “cruzar o editorial com a propaganda”.

Consagrado pela entrevista que fez com Frank Sinatra, o jornalista conta que sua melhor entrevista foi com o ex-ditador Fidel Castro, quando o líder se encontrava entre Miami e Havana, em um avião. “Foi uma entrevista não-verbal. Feita basicamente por observação. Fidel Castro é uma personalidade com grande caráter”.

Gay Talese considera o New York Times como o melhor veículo de comunicação do mundo, melhor que revistas como a The Economist. Define o que faz: “Falar como as coisas acontecem. Eu faço o meu melhor trabalho. É isso”.

O Roda Viva, apresentando excepcionalmente por Paulo Markun, conta com uma bancada formada por Carlos Eduardo Lins da Silva (ombudsman da Folha de S. Paulo); Regina Echeverria (jornalista); Humberto Werneck (jornalista e escritor); e Caio Túlio Costa (jornalista e professor de Jornalismo na Cásper Líbero e consultor de Novas Mídias). Esta edição será legendada.

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