Só o conteúdo não basta

Caio Túlio Costa participou de debate no oitavo congresso anual da Associação Nacional de Jornais, a ANJ, em 19 de agosto de 2010 no Rio de Janeiro.  Na ocasião, em discussão mediada por Antonio Athayde, Caio Túlio debateu com Walter de Mattos (do jornal Lance!) e com Sandra Sanches (do Globo). A oitava edição do Congresso Brasileiro de Jornais teve por tema o Jornalismo e Democracia na Era Digital.

Leia a seguir texto publicado em 19/8 no site da ANJ. As observações entre colchetes são de CTC.

Empresas devem agregar conteúdos, além de gerá-los

Com o tema “Gestão integrada da audiência impresso + digital”, painel mediado pelo consultor da ANJ, Antonio Athayde, discutiu como lidar com um mercado no qual apenas 7% da receita vai para quem gera a informação.

Sendo os jornais necessariamente geradores de conteúdo, como lidar com um mercado no qual 60% da receita vai para provedores de acesso, 20% para agregadores de conteúdo (Google, E-Bay, UOL, IG, Globo.com etc.), 14% para devices e “apenas” 7% para quem gera a informação?  “Uma coisa é certa”, afirma Caio Tulio Costa, consultor da Costa & Kranz. “Não obteremos receita pela simples transposição do papel para as novas mídias.”

Caio alertou para o fato de que muitas empresas de internet que se fundiram com grupos de mídia tradicional – casa da AOL, que se fundiu com a TimeWarner – viram seus lucros e sua expertise declinarem. “Por outro lado, o Google, que corria por fora, acreditou na própria internet e conseguiu que mais de 60% de sua receita seja obtida com links patrocinados [60% com links patrocinado em busca e o restante com link patrocinado em parceiros de conteúdo], num claro sinal de que algumas empresas entenderam a importância se agregar conteúdo, em vez de apenas gerá-lo”, diz Caio.

Sandra Sanches, diretora executivo da unidade “O Globo” da Infoglobo, acrescentou outras perguntas do debate: “Focar em segmentos pode ser a saída para repor receitas e audiências? Quais nichos ainda não foram explorados? Como valorizar a curadoria da informação nos meios digitais? Não há respostas prontas, mas temos uma certeza fundamental: os leitores fazem buscas com palavras e nós, veículos, devemos oferecer conteúdos por nicho”, diz Sandra.

Na visão de Sandra, confiança tem valor perceptível: “Essa percepção é crescente na nossa indústria, tanto que um terço da audiência considera a possibilidade de pagar por informação de qualidade. O nosso potencial cliente é multimeios, mas não haverá relevância se não soubermos o que esse cliente deseja. Sabemos que os links patrocinados levam aos grandes jornais. Sugiro então investirmos em novas funções, como jornalistas programadores, produtores de newsgames, editor de sites de relacionamentos e analistas de mídias digitais”.

Walter de Mattos Jr., diretor presidente e editor do Grupo Lance!, acredita que podemos nos preparar para mudanças de curto prazo tanto quanto para as macrotendências: “Uma geração nativa digital está para surgir, mas podemos lidar urgentemente com o que está ocorrendo agora. Há pouco tempo, os conteúdos eram grátis, mas não tinham qualidade. Agora que têm qualidade e continuam sendo grátis o caminho é criar uma combinação entre os modelos pago e grátis por meio de acordos com outras empresas”. (Por Sergio Vilas-Boas)

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