Publicado no site Rudge Ramos Online, da Unversidade Metodista de São Paulo, em 27/10/2009, às 11:53
Para Caio Túlio Costa, internet deu poder de mídia ao indivíduo
O jornalista, doutor em ciências da comunicação, abriu o Mix de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo nesta terça-feira (27).
RENATO CASTRONEVES / FOTO JÔ RABELO
da Redação
O primeiro ombudsman da imprensa brasileira, o jornalista Caio Túlio Costa, acredita que o mundo passa por uma grande revolução, que tira de alguns grupos o poder da formação de opinião e dá ao cidadão esta nova função. A declaração foi dada durante palestra de abertura do Mix de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo, nesta terça-feira (27), que tem como tema central “A internet mudou o mundo”.
“Com a internet, o indivíduo passou a ter poder de mídia”, afirmou Costa ao falar sobre o processo de revolução social causado pela Web e os desafios da cobertura jornalística nos meios digitais.
A interação entre mídia e população também foi destacada durante a apresentação. Para o fundador e ex-diretor geral do UOL e ex-presidente do iG, a comunicação em rede cria alternativas multilaterais de relacionamento.
O jornalista citou exemplos mundiais em que o uso de novas formas de comunicação, como e-mails, celulares e redes sociais, provocou mudanças políticas e sociais de grande impacto.
A queda do presidente Joseph Estrada, nas Filipinas, em 2001, após mobilização de milhares de pessoas via SMS e e-mails, e o uso da internet durante campanha do agora presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foram apontados como exemplos do uso das novas mídias para mudar a vida das pessoas.
Mídia tradicional – Caio Túlio também falou sobre a adequação das mídias tradicionais à nova fase da comunicação. Segundo ele, “elementos mais conservadores da imprensa não conseguem enxergar o processo revolucionário do jornalismo digital”.
Questionado por um aluno da Metodista sobre o possível desaparecimento dos jornais impressos, Costa respondeu com bom-humor: “Jornal impresso? Aquele que era entregue de porta em porta antigamente?”.
Profissional “multitarefas” – O surgimento de novas plataformas de comunicação foi colocado pelo jornalista como uma “necessidade” de adequação do profissional da área. Para Costa, a profissão vai exigir cada vez mais formação técnica e intelectual contínua.
“O senso comum não basta para o comunicador. Precisamos rediscutir as questões éticas e o nosso estar no mundo. Minha maior preocupação é com as ferramentas do homem, do espírito, e não apenas com o lado técnico”, completou Costa.
Currículo extenso – Caio Túlio Costa, 55, é doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo, professor de ética jornalística na Faculdade Cásper Líbero de São Paulo e consultor em novas mídias. É autor de quatro livros: Ética, jornalismo e nova mídia – uma moral provisória (Zahar, 2009), O que é Anarquismo (Brasiliense, 1981), Cale-se (A Girafa, 2003) e Ombudsman – O Relógio de Pascal (Geração Editorial, 2006; Siciliano, 1990).
Trabalhou durante 21 anos no Grupo Folha, onde foi editor da Folha Ilustrada, secretário de redação, correspondente na Europa, baseado em Paris, e primeiro ombudsman da imprensa brasileira. Criou a Revista da Folha, fundou e foi o primeiro diretor geral do UOL (Universo Online). Entre 2006 e janeiro de 2009, Caio presidiu o Internet Group, então uma empresa da Brasil Telecom que uniu os portais e serviços do iG, iBest e BrTurbo.
Clique aqui para ver entrevista em vídeo gravada pelos alunos da Metodista.