Ricardo Kotscho e Mauricio Stycer
Qual é o futuro do jornalismo na era digital? Quais são as novas questões éticas introduzidas pela nova mídia? Como fazer jornalismo de qualidade numa era em que qualquer cidadão também é repórter? Como se defender da mídia sem uma Lei da Imprensa? Como evitar erros crassos e mentiras no dia-a-dia da profissão?
Caio Túlio Costa não tem respostas prontas para nenhuma destas perguntas cabeludas. Mas, com “Ética, jornalismo e nova mídia” (Zahar, 288 págs., R$ 40), adaptação de sua tese de doutorado recém-defendida, aprofunda uma discussão essencial, frequentemente evitada pelos jornalistas, sobre o seu papel social. É um tema delicado e complexo, abordado de forma erudita e ao mesmo tempo muito didática no livro.
Caio Túlio tem experiência de sobra para enfrentar esses assuntos. Primeiro ombudsman da Folha de S.Paulo, trabalho que resultou no livro “O Relógio de Pascal”, também foi secretário de Redação do jornal, ajudou a criar e dirigiu o UOL, foi presidente do iG e hoje atua como consultor de mídia e conteúdo da Oi.
O subtítulo do estudo, “Uma moral provisória”, dá uma dica da preocupação de Caio Túlio com a prática profissional. “O jornalismo é um ofício. Um ofício tão banal quanto trágico e glorioso”, escreve, logo depois de avisar que não escreveu “um manual de boas maneiras”.
Nesta entrevista, concedida na sede do iG, onde trabalha, Caio Túlio discute algumas idéias centrais do trabalho. A leitura desta conversa mostra que “Ética, jornalismo e nova mídia” é uma ferramenta essencial para estudantes de jornalismo, profissionais e pessoas interessadas nos dilemas atuais da comunicação.
Vou repetir uma pergunta que você se faz: Se substanciais conceitos éticos se desmancham e se relativizam, se princípios são virados pelo avesso, qual é o futuro de uma profissão normativamente lastreada por princípios morais?
Sempre me preocupou muito essa distância entre os princípios e a prática no dia-a-dia do jornalismo. Todos os meus chefes, todas as pessoas com quem eu converso sobre jornalismo, têm os seus princípios, e eu costumava ver que esses princípios eram, digamos, observados, ou não, em função de determinadas necessidades. Então, para responder essa questão, eu diria o seguinte: o futuro do jornalismo passa pelo entendimento da questão moral. Se você, enquanto jornalista, enquanto técnico em comunicação, não tiver conhecimento da questão moral você não vai poder lidar com as necessidades do dia-a-dia. Estou falando do estudo da filosofia moral, a preocupação com o estudo das questões éticas, a compreensão dos dilemas éticos, a pesquisa em relação às ambiguidades morais, tudo isso que coloca o jornalista em questão no momento que ele tem que tomar uma decisão que pressupõe uma questão ética.
Dentro da questão ética e moral, você cita Luc de Brabandere. Ele diz que a ética seria individual e a moral, coletiva. Sendo assim, não seria necessário estabelecer um código de ética a que todos se submetam, jornalistas e empresas de comunicação?
Liberdade de expressão pressupõe responsabilidade, e a questão ética está em como agir com responsabilidade dentro da liberdade de expressão. A questão da mentira, por exemplo, é uma questão crucial. Qual jornalista, em qualquer lugar do mundo, nunca contou uma mentira, nunca usou de um subterfúgio moralmente discutível – não estou dizendo que é condenável, mas discutível – para conseguir uma informação? Me aponte um único jornalista em todo o mundo que até hoje não usou de recursos eticamente discutíveis para conseguir informação, para entrar em determinado lugar, para ser recebido, para conseguir falar com alguém. Você pode ter uma regra universal, para tratar de tudo que é idealmente desejável, mas há um abismo entre o funcional e o normativo. Ela é desejável, mas inexequível.
O que você defende para estabelecer regras mínimas que garantam o respeito da ética na prática jornalística?
É uma questão delicada. Tudo o que eu não tento fazer nesse livro é dar indicações de como deve ser feito o jornalismo. O que eu busquei fazer nesse livro foi tentar entender como ele é praticado. Sou um partidário muito aguerrido da auto-regulamentação. Acho que as diferentes instâncias (as empresas de comunicação e as corporações) precisam se entender. Mas não defendo uma auto-regulamentação da indústria ou da corporação, ou mais uma lei no lugar da Lei de Imprensa, que a gente teve a grata satisfação de ver que caiu.
Mas você não acha que alguma regra deve haver?
A questão do direito de resposta é fundamental. Nenhuma democracia resolveu essa questão a contento, nenhuma. Nem o Brasil tinha resolvido com a Lei de Imprensa. O direito de resposta só vinha depois de muito tempo e sem a ênfase que as acusações tiveram. Não funciona em nenhuma democracia. A única democracia que resolveu a questão do direito de resposta, e resolveu em detrimento da informação do cidadão, foi a Suécia. Lá você não faz nenhuma acusação sem que o julgamento tenha transitado em julgado. Então você não dá o nome de ninguém, você não dá foto de ninguém. Só que muitas vezes o assassino é confesso ou o criminoso é confesso, as provas são evidentes e aí a sociedade fica sem o direito de ser informada. Quer dizer, ficava… Porque agora o mundo inteiro fala do que esta acontecendo e, pela Internet, todo mundo sabe o que está acontecendo. Dizer que no Brasil a Lei de Imprensa protegia o direito de resposta, acho completamente equivocado. Veja a dificuldade em determinadas publicações brasileiras de se conseguir o direito de resposta.
Mas, no lugar da Lei de Imprensa, que foi revogada, não seria importante alguma legislação específica?
A indústria quer porque ela tem medo de que as multas sejam muito altas. Isto é lobby da indústria.
Você fala no livro, de passagem, sobre um “vácuo ético” em que nos encontramos…
É uma bela expressão do José Miguel Wisnik, usada num ensaio brilhante sobre “As Ilusões Perdidas”, do Balzac, para definir a total despreocupação com a questão ética. Grande parte do que a gente lê na imprensa transita nisso que ele chama de vácuo ético. Não é que não tem preocupação. Inexiste qualquer possibilidade de vir a ter uma preocupação em relação ao certo ou ao errado, em relação às questões éticas naquilo que a pessoa está tratando. Vejo isso de forma inequívoca no Brasil e em várias publicações estrangeiras. Os tabloides sensacionalistas ingleses tratam, por exemplo, da questão da gripe A dentro de um vácuo ético. Só falam das centenas de milhares de pessoas que devem morrer em todo o mundo, como se isso já fosse um dado inequívoco.
O “toque de recolher” no dia dos ataques do PCC, em 15 de maio de 2006, mostrou o papel das “novas mídias”. Foi um exemplo para você de como a pós-modernidade propicia a emergência de uma nova forma de comunicação – e com consequências desastrosas, não?
Naquele caso, sim. Mas há também usos politicamente avançados, como nas Filipinas e na Espanha. Usando novas mídias, os filipinos se organizaram para tirar um ditador do poder; os espanhóis se organizaram para sair em massa às ruas e reverter a tendência eleitoral que iria deixar os conservadores no poder. No caso brasileiro, nós tivemos uma conflagração da comunidade paulistana num determinado dia. Ela se organizou de forma espontânea usando a nova mídia, para atender um toque de recolher que não houve. Neste caso, sim, a conseqüência é desastrosa, você tem toda razão. O que acho interessante nesses três exemplos é que a mídia tradicional não interveio, não foi usada e acabou sendo espectadora – e depois relatora – do que tinha acontecido. Usando um novo instrumento de comunicação, as pessoas se comunicaram entre si.
Você fala da necessidade de aprimoramento do conhecimento moral para atenuar os problemas éticos da mídia. Mas, num mundo onde todo mundo é repórter, esse problema não aumenta, em vez de diminuir?
Esse é um problema que a nova mídia coloca. Mal ou bem, o jornalista tem uma formação, que adquiriu na escola e na prática dentro das redações. A minha grande questão é que, para nós, jornalistas, não basta essa formação rudimentar e não basta o senso comum. Nós precisamos ir além. Então, qualquer pessoa que vá se instituir enquanto cidadão-repórter precisa ter uma formação moral, o que cá entre nós é impossível, especialmente nesta era da modernidade na qual a gente está. O ensino, o grande ensino humanístico fundamental de formação intelectual e moral das pessoas tem sido muito retalhado, e não é só no Brasil, de forma bem geral há muitos anos. Então complicou… Eu não sei te responder.
A “Folha” reconheceu que utilizou um documento sobre a ministra Dilma Rousseff que circulava na Internet sem checar a origem. Você classifica esse caso como erro, mentira ou fraude?
Nós podemos estar sujeitos a sermos enganados numa fraude, certo? Que é o que houve. Agora a questão anterior que se coloca é a seguinte: qual é a motivação ética em relação a esse assunto? Acho que é essa a questão que está em jogo, e não a questão da inverdade ou a questão da mentira. O jornal foi vítima de um documento falso, tão vítima quanto a Dilma. O que deve ser questionado é a motivação de se pautar e ir atrás de determinadas informações.
Nesse caso concreto, da ficha policial da ministra Dilma, o jornal não respeitou algumas etapas que você cita no seu livro, como “averiguar” e “verificar”. Se você ainda fosse o editor-chefe do jornal, publicaria a matéria dessa forma? Esse é um exemplo clássico do que você chama de “moral provisória”?
Esse é um exemplo clássico do que eu chamo de “moral provisória”. Eu não sei se eu fosse o chefe se eu publicaria, ou não. Eu não sei. É fácil dizer que não publicaria.
A matéria não seguiu nenhum dos procedimentos que você recomenda no livro.
Mas, muitas vezes, Kotscho, o editor está confiando naquilo que o repórter lhe traz. Ou, ao contrário, às vezes o editor está insistindo para que o repórter produza e invente determinadas informações.
Isso é mais grave.
Eu já vi os dois casos. Não conheço o caso da “Folha” a fundo para responder corretamente, e seria injusto da minha parte dizer que eu não publicaria, porque eu já publiquei muita coisa e já fui muito enganado. Muitas vezes me vi publicando assuntos cujas fontes eram inidôneas ou que foram mal apurados. Olhando o caso agora, como crítico de obra feita, você tem toda razão: esses conceitos básicos não foram observados.
Com as novas mídias, os quatro interesses em jogo numa notícia (fonte, jornalista, empresa de comunicação e público) passam a se digladiar em pé de igualdade. O jornalista deixou de ter a palavra final. Você acha que a “velha mídia” já compreendeu isso?
Não. Acho que a mídia tradicional ainda tenta se agarrar desesperadamente ao seu velho modelo, e de uma maneira muito esquizofrênica. Veja, por exemplo, a quantidade de pautas na mídia tradicional com o objetivo de dizer que a Internet é um veículo inidôneo, que não se pode confiar na Internet. Isso é um tiro no pé, porque esses veículos estão presentes na Internet. É a mesma coisa que se dizer “o jornal é um meio inidôneo”, levando em conta um tabloide sensacionalista. De fato, eles estão tentando se agarrar a suas marcas, feitas de maneira tradicional, sem se preocupar com a qualidade dessa marca na nova mídia. Há exemplos cabais de empresas tradicionais que não conseguiram dar sentido a novas mídias mesmo quando eles tiveram oportunidade para tal. O caso clássico é da fusão da América On Line com a Time Warner. Num primeiro momento, a AOL deu o tom do jogo, mas assim que a Time Warner conseguiu tomar conta da situação, ela matou a América On Line.
Não seria também um tiro no pé a insistência da nova mídia em apregoar a morte da velha mídia?
Se você olhar da maneira como essa nova mídia se configura, você vai ver que ela sabe que não sobrevive sem o suporte da velha mídia. O que ela diz é o seguinte, e é um pouco o que eu digo no livro: olha, gente, o eixo agora é outro, mudou. Isso parece simplório, mas é uma revolução. Antes, o cara se formava em jornalismo, se empregava numa empresa de comunicação e despejava informação na cabeça das pessoas e você tinha que consumir aquilo. Hoje isso continua existindo, mas também as instituições todas podem despejar informação, qualquer indivíduo pode despejar informação, qualquer órgão político pode despejar informação. Então, a esfera pública se alargou, a questão da comunicação na esfera pública adquiriu outra dimensão, brutal. E a nova mídia tem ideia disso. E tem essa reação natural dos meios tradicionais no sentido de dizer: “Olha, vamos continuar resistindo aqui, não vamos deixar essa bagunça, esse negócio sem lei, tomar conta do planeta.”
E não tem volta e não tem controle?
Não tem volta. Controle, a sociedade vai conseguir de alguma forma arrumar um jeito ou outro. Porque a gente não escapa do controle. Isso é inevitável. A quantidade de projetos de lei que já há no Congresso Nacional tentando regulamentar a Internet… Como isso é muito novo, muito complexo e levanta questões jamais pensadas, a dificuldade é muito maior.
Uma grande contradição nesse embate entre velha mídia e nova mídia, é que ao mesmo tempo em que os formadores de opinião se multiplicam e a informação se horizontaliza, democratizando-a, temos a concentração cada vez maior das empresas. Quer dizer, os donos da velha mídia e da nova mídia parece que estão em guerra, mas, no fundo, são os mesmos…
É. Mas eu queria agregar mais uma complicação aí. Os conglomerados que estão tomando conta da mídia estão também sob ameaça dos conglomerados de telecomunicações. Você não consegue falar em nova mídia hoje sem falar de um tripé que envolve a indústria de informática, a indústria de telecomunicações e a indústria de comunicação.
De conteúdo.
De conteúdo. E no meio disso tem o indivíduo que, se aproveitando dessas tecnologias, trafega pelas leis de comunicação, mexendo em conteúdos que tem dono. Mexendo, portanto, com questões de direito autoral, e produzindo informação também que vai ser objeto da nova mídia.
Vou contar um caso concreto que aconteceu comigo lá na “Folha”. Um professor de escola pública no Embu telefonou, dizendo que os alunos estavam dormindo na sala de aula. Ele estranhou aquilo e descobriu que as crianças trabalhavam numa olaria de madrugada, um trabalho insalubre. Eu fui lá, chequei e realmente tudo era verdade. Fui falar com o dono da olaria. Ninguém tinha registro, as famílias ganhavam por produção. Por isso, os pais botavam as crianças para trabalhar, e moravam de graça. O dono da olaria disse: “Eu sei que está errado, não tem registro em carteira, as crianças trabalham, não sou eu que mando, são os pais… Se o senhor publicar essa reportagem vai acontecer o seguinte: vai vir aqui a Delegacia do Trabalho, vai multar a minha olaria, e vou ter que fechar. E vou ter que botar essas pessoas todas na rua”. Eram 10 famílias. Aí eu fiquei com esse negócio na cabeça, e pensei: vou denunciar um negócio desse para defender as crianças e vou ferrar a família inteira. Contei essa história para o meu editor. Eu nunca vou esquecer a resposta dele: “Para com essa frescura! É verdade tudo isso que você me contou? Então senta aí e escreve!”. Eu acabei escrevendo e me arrependo até hoje. O que você faria?
Há uma questão moral aí: nós, jornalistas, não somos justiceiros. Acho que muitas vezes a gente se sente como tal. Então o ímpeto do senso comum é dizer: “Olha, eu não vou atrapalhar a vida dessas 10 famílias”. Mas, do ponto de vista do problema moral, o teu dever, Kotscho, era publicar a reportagem. O teu dever enquanto jornalista, porque você viu uma situação de abuso do trabalho infantil, viu uma situação de miséria, de transgressão das leis da cidade, que reflete um problema social, um problema muito maior do que aquele.
Publicando essa matéria muda alguma coisa?
Não sei se muda, e acho que essa não é a questão. A questão é o dever moral do jornalista de contar a história. Agora, o “justiceiro” funciona dos dois lados, tanto no sentido de publicar e depois ficar insistindo para que o Estado resolva aquilo, quanto de não publicar para fazer justiça com as próprias mãos: “Eu não vou deixar essas pessoas aqui na miséria”. Só que a situação social vai continuar a mesma. O nosso dever não é de resolver os problemas, o nosso dever é o de representar esses problemas da maneira mais confiável possível.
No seu livro você lista uma série de novos problemas éticos introduzidos pelas novas mídias. Quais são os mais graves?
Um dos mais graves, que a sociedade acha que é grave, é a questão do direito autoral. Outro problema seríssimo, de resolução difícil, é o do controle da rede, que hoje está na mão de um único país, os Estados Unidos. Não é correto que um único país seja o detentor absoluto desse controle da rede. Todas as comunicações se encontram por ali. Nós temos que descentralizar esse nó e esse controle.Tem o problema da concentração dos meios de comunicação, dos meios de telecomunicação e dos produtores de tecnologia e informática. E o problema que mais me incomoda é o da assimetria e da inexatidão da informação: qualquer um pode publicar qualquer coisa. Por isso que você tem que checar, né? Mas como essa informação se reproduz por outras fontes inidôneas de forma absolutamente rápida, isso acaba sendo um baita problema.
Uma questão central do livro é quando você analisa o indivíduo como possível protagonista da mídia. Antes o jornalista escrevia e o público comprava. Era um prato feito, e ficava por isso mesmo. Agora é o freguês quem manda?
Dá para alargar isso. O conceito já é antigo, mas está cada dia mais presente, se desenvolvendo, que é o “prosumer”. É aquele consumidor que está dando informações sobre produtos e serviços que compra na própria Internet, e acaba orientando as compras de outras pessoas e ajuda a indústria a melhorar os seus produtos, os seus serviços, etc. A cada dia mais esse indivíduo, esse consumidor, tem mais participação na transmissão da informação.
Você poderia explicar melhor porque escreve que “a ética do marceneiro”, enunciada pelo Cláudio Abramo, é insuficiente para o jornalista?
O Cláudio disse que a ética do jornalista é a mesma ética de um marceneiro, quer dizer, o que vale para o marceneiro do ponto de vista legal, institucional, de entregar no prazo, fazer corretamente o móvel, não mentir, vale para o jornalista. Eu digo que nós, enquanto jornalistas, temos que ir além disso. O exemplo que eu uso no livro é a palavra “sinceridade”. Vem do latim “sine sera”, sem cera. Os marceneiros bons eram aqueles que não cobriam os buracos na madeira, seus erros, com cera. Eram, por isso, sinceros. Você vê o quanto, inclusive para o marceneiro, a questão ética é uma questão um pouco mais complexa. Imagine para nós? O meu recado, o meu apelo, a minha sugestão, entenda como quiser, aos estudantes, é que aprofundem a questão moral, e não se deixem levar pela ideia de que o senso comum resolve. O senso comum não resolve as questões morais colocadas pela profissão, especialmente numa situação tão complexa como a que a gente está vivendo com a emergência das novas mídias.