Texto publicado no Meio & Mensagem de 17/11/2008
Web 2.0 Summit mostra ganhos de audiência e traz notícias positivas sobre propaganda online
As redes sociais, as vedetes da web 2.0, crescem em audiência de forma exponencial. Também crescem em importância estratégica e ajudam a construir valor. Suplantam endereços tradicionais e ganham audiência em cima deles.
Em consumo de minutos globais, por exemplo, a MSN perdeu três pontos percentuais e o Yahoo caiu dois pontos entre 2006 e 2008. No mesmo tempo, o YouTube ganhou três pontos, idem para o Facebook. Ambos formam redes sociais. Os dados vêm de pesquisa da ComScore.
A quinta edição do encontro anual de cúpula do setor, o Web 2.0 Summit, que acontece anualmente em São Francisco, Califórnia, deixou claro que a indústria da internet ainda tem muito a crescer com conteúdos participativos – em especial em celulares e mais especialmente ainda nos iPhones – mas agora tem pouco a acrescentar em termos criativos.
Outra boa notícia, dada por Mary Meeker, a principal analista de internet dos EUA, do Morgan Stanley, foi a de que apesar da queda nos crescimento trimestral dos investimentos em publicidade (tanto geral quanto na internet), o mercado não vive de forma alguma a bolha que viveu em 200 e 2001 e, portanto, os investimentos em publicidade online não deverão despencar na atual crise como despencaram depois da bolha.
Se nos anos anteriores as estrelas eram os aplicativos interativos – como Facebook, que dominou o encontro no ano passado –, este ano as estrelas foram conteúdos recheados de participação.
Como o GoodGuide, um site que nasceu inspirado pela filha de seu fundador. Ela usou um produto com ingredientes nocivos e lhe deu a idéia de criar um site para ajudar as pessoas – com base na análise científica de especialistas – a achar via internet produtos seguros e saudáveis, social e ambientalmente responsáveis.
Ou como um dos blogs políticos de notícias e vídeos mais respeitados dos EUA, o huffingtonpost.com, animado pela grega Arianna Huffington, uma das atrações mais aplaudidas – a mais ovacionada mesmo foi a participação de Al Gore, que repetiu banalidades como “a internet democratiza a informação”.
Arianna Huffington, no entanto, deu o toque relevante da ocasião: sem a internet, Barack Obama não teria ganho a eleição americana. A atmosfera do evento, que começou no dia seguinte à vitória de Obama, exalava expectativas. A palavra de ordem era “mudança”.
Tanto que os organizadores se preocuparam muito mais com as mudanças necessárias para que o mundo resolva os problemas chamados de NP-Hard, ou seja, os mais graves entre os mais graves problemas. (NP quer dizer “Non-deterministic Polynomial-time”, conforme classificação da teoria da computação que investiga problemas relacionados com o amontoado de recursos exigidos para a confecção de alguma tarefa pelo computador.)
O Google, por exemplo, dedica 1% de seus lucros para iniciativas filantrópicas, a maioria delas dedicada a problemas NP-Hard. Os US$ 100 milhões investidos até agora pelo Google em campanhas sociais foram dedicados a procurar melhorar os serviços públicos e aumentar a capacidade da população de exigir serviços governamentais melhores, como a qualidade das escolas e da água; a um programa que ajuda a desenvolver a capacidade de identificar e agir antes contra ameaças globais, como epidemias e a um projeto de desenvolvimento de energia renovável mais barata que o carvão.
E o que vem pela frente? É a web 3.0 – da qual muito se fala, mas pouco se esclarece. Kevin Kelly, fundador da revista Wired, seu ex-editor, foi quem ficou coma tarefa de debulhar o conceito. Naquele dia, fazia exatamente 6.527 dias que o protocolo da internet fora inventado, quando se deu o primeiro grande passo: o compartilhamento de computadores.
O segundo passo veio com o compartilhamento de links, de páginas, de documentos.
O terceiro passo será o da web 3.0, o momento do compartilhamento total de dados.
A web 3.0 define a internet como o mais poderoso dos bancos de dados, quando todos os dados de cada página poderão ser compartilhados, pesquisados, revistos, reescritos, recuperados, remexidos e remixados indefinidamente.
Para Kevin Kelly, tudo que usa energia fará parte da rede.
Isso afetará a economia que terá uma espécie de coração financeiro único, batendo no mesmo ritmo. As conseqüências de se estar desconectado se tornarão cada vez mais graves.
“Nós começamos compartilhando computadores, depois compartilhamos links e agora vamos compartilhar dados”, disse Kevin. “A web será dona de todos os bits”.