Candidatos devem pedir dinheiro na TV

Publicado na Folha de S.Paulo, versão online, em 24/07/2014 às 12h57

Por José Marques/Folha

O coordenador da campanha digital do presidenciável Eduardo Campos (PSB), Caio Túlio Costa, afirmou que acha que os candidatos “deveriam” pedir dinheiro aos eleitores em propagandas partidárias para financiamento de campanha. No entanto, ele diz que, no Brasil, ainda “não dá para ser medida” a reação que isso provocaria.

“Acho que dá [para pedir dinheiro]. E acho que devem. Se dependesse de mim, estariam fazendo. Mas é uma questão cultural e não dá para ser medido. Mas é muito melhor um partido viver de pequenas doações do que viver de grandes doações”, afirmou, ao ser questionado por que os candidatos não pedem, em vídeo, doações em dinheiro para os eleitores, como acontece nos Estados Unidos.

Ele afirma que tentará fazer com que as campanhas da Rede –partido da vice-candidata Marina Silva, não registrado no TSE– e do PSB coletem contribuições de pessoas físicas na internet em períodos não eleitorais.

“A Rede iria fazer isso e vai fazer isso –espero, mas nem tenho autoridade para falar em nome da rede– assim que se transformar em partido. E vou insistir para o PSB fazer isso”, disse.

Costa participa, nesta quinta-feira (24), do congresso da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), na zona sul de São Paulo.

Também foram convidados o coordenador da campanha digital da presidente Dilma Rousseff (PT), Franklin Martins, e o ex-coordenador da campanha digital de Aécio Neves, Xico Graziano, mas eles não compareceram à palestra. Graziano e Martins se envolveram em polêmicas recentes com as equipes de campanha dos presidenciáveis que coordenam.

Graziano deixou a coordenação da campanha digital do senador Aécio no dia 17. Oficialmente, o partido informou que sua saída já estava prevista, mas nos bastidores tucanos dizem que ele perdeu o posto após apresentar um site que foi mal avaliado pela cúpula de campanha.

Já auxiliares de Dilma julgaram que texto de Franklin Martins em site ligado à campanha petista colocava a presidente desnecessariamente contra a CBF. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “inventaram” o racha.

‘COMPENSAR O TEMPO’

Segundo Caio Túlio Costa, já que Campos e Marina não terão tanto tempo de televisão e rádio quanto Aécio e Dilma na propaganda eleitoral, a internet será usada para “compensar esse tempo”, embora o meio não tenha a abrangência da TV. Ele afirma que, ainda assim, o PSB terá uma campanha menor que o PT e o PSDB na internet, por não ter a “estrutura partidária, capacidade de arrecadação e envolvimento com os grandes modelos” dos concorrentes.

No entanto, ele diz que não sabe qual a previsão de orçamento da campanha digital de Campos. “Não sei mesmo. Quero mais”, brincou.

Segundo as regras do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no primeiro turno Dilma terá cerca de 11min48s de tempo no horário eleitoral; Aécio, 4min31s; e Campos, 1min49s.

Para Costa, a estratégia para tornar Campos mais conhecido é “colar a Marina no Eduardo porque ela teve 20 milhões de votos” em 2010. “A Marina também começou [nas eleições anteriores] com uma taxa também de desconhecimento muito alta, um pouco menor que a do Eduardo”, afirmou.

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