‘O modo de fazer jornalismo era uma indústria de distribuição’

PUBLICADO NO OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA EM 20/5/2014

Luiz Anversa

Uma das mais importantes questões do jornalismo atualmente é: como será o seu futuro? Esse foi o mote da palestra Jornalismo Pós-Industrial, que teve as participações de Carlos Eduardo Lins da Silva (trabalhou na Folha,Valor Econômico e TV Cultura), Caio Túlio Costa (esteve em Folha, UOL, iG), Carlos Castilho (analista de mídia e colaborador do Observatório da Imprensa) e Francisco Rolfsen (coordenador do curso de Jornalismo da Unesp de Bauru). O encontro aconteceu no Congresso Mega Brasil de Comunicação, realizado de 6 a 8/5, em São Paulo.

Caio ficou alguns meses na prestigiada Universidade Columbia e produziu um grande documento com base em análises de especialistas dos EUA. É de lá que vem o termo “pós-industrial”. “O modo antigo de fazer jornalismo, na verdade era uma indústria de distribuição. Hoje, temos uma superdistribuição de conteúdo, principalmente pelas redes sociais”, falou. Caio, que foi o primeiro ombudsman da imprensa brasileira (na Folha de S.Paulo), argumentou que é necessário que revistas e jornais se unam para melhorar sua rentabilidade.

Castilho foi categórico: “A crise dos jornais é estrutural e bem mais profunda. O sistema convencional de informação não funciona mais”. Ele também citou o conceito Economia de Informação em Rede, que mostra uma avalanche de informações que interferem no circuito econômico.

Utilização do e-commerce

Castilho indicou que o jornal impresso não vai acabar, mas “terá que ser remodelado, com uma capacidade de desenvolver contextos”. E lembrou da Curadoria de informações (“filtro para boas informações) e a importância do jornalismo feito com base em dados, capaz de gerar conhecimentos fundamentais.

Já o professor Rolfsen fez questão de salientar a relevância dos jornalistas procurarem criar novos modelos de negócio fora das empresas tradicionais. “Infelizmente as universidades não preparam os alunos para isso. As vagas em redação praticamente não existem. Muitos vão para as assessorias”, colocou. Francisco Rolfsen, coordenador do curso de Jornalismo da Unesp, lembrou do sucesso do modelo do New York Times para assinaturas digitais (o chamado “muro poroso”, em que o internauta tem acesso a um determinado número de textos por mês. Se quiser ler mais, faz uma assinatura do serviço).

Ele colocou também a questão da vinculação do e-commerce a notícias regulares. “A Folha de S.Paulo e o El Paísjá fazem isso, com ingressos de cinema e outros tipos de serviço. Pode ser um modelo estudado para virar uma boa fonte de renda”, disse.

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