O futuro digital da mídia tradicional

Participei, na condição de palestrante, do X Fórum Internacional ABA Mídia. Promovido pela Associação Brasileira de Anunciantes, o fórum anual discutiu a possibilidade de um modelo de negócio capaz de viabilizar economicamente as publicações digitais.

O encontro ocorreu nos dias 20 e 21 de maio de 2014 na área de convenções do Hotel Renaissance em São Paulo. “O futuro digital da mídia tradicional”, tema da minha palestra, teve a mediação de Alex Rocco, diretor de marketing da Nextel e VP do Comitê de Mídia da ABA.

A palestra se baseou na pesquisa que realizei em 2013 na Universidade Columbia, em Nova York, que trata exatamente da questão da viabilidade econômica para as publicações na internet.

A pesquisa

A partir da constatação de uma disrupção nesta indústria, sugere uma modelagem capaz de garantir produção jornalística de qualidade, independência e vigilância crítica dos poderes.

Para tanto, descreve a cadeia de valor do negócio tradicional da imprensa e reelabora-a conforme a realidade da comunicação no negócio digital. Diagnostica o problema geracional que atrapalha o desenvolvimento de produtos na plataforma digital (nativos analógicos versus nativos digitais). Situa as empresas no ambiente disruptivo do jornalismo pós-industrial – conforme conceito desenvolvido pelo Tow Center (Columbia University).

Também alinha os problemas que as empresas jornalísticas enfrentam com gigantes como Facebook e Google, além de sugerir como lidar com eles. Detalha os desafios na questão dos investimentos em tecnologia. Desenha como as empresas devem abraçar as redes sociais e explica como estão acontecendo as mudanças na produção de conteúdos para adequá-los à nova realidade digital.

Com exemplos e dados de mercado, o estudo sugere a formulação estratégica do modelo de negócio, detalha como é possível funcionar a publicidade neste novo cenário (dominado por gigantes e o restante pulverizado entre várias empresas carentes de uma larga rede de publicidade composta de publicações de qualidade), explica de que forma os paywalls (cobrança de assinatura dos conteúdos) fazem parte da solução e injeta um terceiro elemento fundamental na estratégia: a produção de serviços de valor adicionado – esta última, uma expressão emprestada da indústria de telecomunicações – num movimento que transforma a tradicional empresa de informação em um empresa de serviços.

Créditos:

Pesquisa realizada na Columbia University Graduate School of Journalism, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e originalmente publicada na edição brasileira da Columbia Journalism Review, a Revista de Jornalismo ESPM nº 9 (abril, maio e junho de 2014), páginas 51 a 115.

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